Igreja

A Igreja da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo foi construída pelos Missionários Carmelitas Descalços provenientes de Portugal, em 1659 (século XVII). A mesma é um monumento importante de arquitetura religiosa da República de Angola. A sua construção começou em 1660, e foi concluída em 1689, conforme está indicado no marco afixado por cima da porta de acesso principal.

A Igreja que tem marcas do Carmelo e dedicada à Nossa Senhora do Carmo (Carmelo) pertencia ao convento de Santa Teresa da Ordem Carmelita reformada dos Carmelitas Descalços. Consta que teve como principal patrono a rainha-mãe e regente do reino D. Luísa de Gusmão, 1ª rainha da quarta dinastia pelo seu casamento com João, duque de Bragança, posteriormente D. João IV, e regente de Portugal durante a menoridade de D. Afonso VI em 1656.

A igreja é linda, com características que favorecem a oração e a contemplação. É detentora de uma arquitetura simples, construída com requintes artísticos, no exterior com a utilização de cantarias e apresenta no seu interior uma decoração rara em Angola, quer no revestimento de azulejos, nas pinturas dos tetos, e na execução e decoração dos retábulos.

A sacristia deve-se ao mecenato do governador D. João de Lencastre, facto comprovado por uma inscrição lapidar: «Esta sacristia mandou fazer à sua custa o Senhor D. João de Lencastre Governador e Capitão Geral deste Reino. 1691». Os Azulejos, as pinturas do teto, todas as imagens sobre o Profeta Elias e os reformadores da Ordem Carmelita (Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz) no altar-mor e no Claustro, de onde nasceram os Carmelitas Descalços; imagens dos santos da Ordem Carmelita nos azulejos do santuário, os altares em estilo Barroco, ajudam na oração e contemplação. Por isso, as janelas também são altas de modo a não permitir a distração.

O Claustro serviu de espaço para a escola para meninos negros, no início do seculo passado. Para as raparigas foi construída, ao mesmo tempo, a Escolas das Irmãs de São José de Cluny, no Kinaxixi. Mais tarde, na Cave da Comunidade surgiu a escola de artes e ofícios para promover os filhos dos trabalhadores.

A Igreja alberga ainda no seu interior duas pedras tumulares onde se encontram sepultados dois dos bispos da diocese de Angola: D. Frei António do Espírito Santo (1672-74), carmelita descalço e primeiro bispo de Angola após a Restauração, e D. Frei Francisco de Santo Tomás, nomeado bispo de Angola e Congo em 1761.

Entre as várias intervenções de restaurações que a Igreja sofreu, em 1931 viu-se obrigada a uma intervenção de reparação do coro alto da Igreja que desabou em plenas festas da Nossa Senhora do Carmo. No incidente nenhum dos participantes sofreu lesão, mas se perdeu o valioso quadro “Trânsito de Santa Teresa” pintado em 1742.

Em 1828, e entre 1887 e 1897, sofreu obras maiores, para assumir temporariamente o papel de Sé Catedral de Luanda, enquanto a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, nos Coqueiros que assumia esta função era reabilitada.

Desde 1907 tornou-se uma igreja paroquial que é servida pelos Padres Dominicanos e sob a proteção da Padroeira, Nossa Senhora do Carmo, rege-se das marcas: Oração, Intimidade com Deus, Contemplação; a promoção do estudo e a formação doutrinal e catequética de todos seus membros e de outras pessoas; a formação profissional e o trabalho como instrumentos e dignificação de todas as pessoas.

Na Igreja de Nossa Senhora do Carmo todos os membros da sua comunidade e outros que se dirigem nela recebem o Escapulário, como sinal de proteção da Padroeira tornando-os participantes de todas as orações e celebrações realizadas nesta Igreja. Por esta razão, no dia da Padroeira, 16 de Julho há sempre uma celebração com a imposição do Escapulário.

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo fica localizada nas imediações do Largo Irene Cohen, junto ao Governo Provincial de Luanda.