Dízimo

"Tudo o que temos e somos vem de Deus"

Dizimo

UM OLHAR AO SENTIDO E NECESSIDADE DE DAR O DÍZIMO

O dízimo é uma contribuição voluntária, regular, periódica e proporcional aos rendimentos recebidos, que todo cristão deve assumir como obrigação pessoal – mas também como direito – em relação à manutenção da vida da Igreja local onde vivemos a nossa fé. O dízimo significa décima parte, 10% daquilo que se ganha. Vejamos como Deus é bom. Ele nos dá tudo; deixa nove partes para os nossos afazeres, e pede retorno de apenas uma parte! Assim, todos somos convidados a oferecer de facto a décima parte. Mas é importante perceber que o dízimo não é esmola, nem sobra, nem migalha, pois Deus de nada precisa. Ele apenas quer nossa gratidão. Ele quer que demos com alegria, reconhecimento e liberdade, isto é, sem obrigação externa, porque o que se dá com alegria faz bem àquele que dá e àquele que recebe.

A práctica do dízimo é bíblico; de facto, são muitas as passagens Bíblicas sobre o dízimo. Os patriarcas de Israel sabiam reconhecer os dons de Deus e lhe eram agradecidos, oferecendo-Lhe a décima parte de tudo o que possuíam: “Abraão deu ao Senhor a décima parte de tudo” (Gen. 14,20); Jacob disse: “Eu te darei a décima parte de tudo o que me deres” (Gen. 28,22). Através do profeta Malaquias, Deus reclama do povo a oferta do dízimo, e lhe faz a proposta de fazer a experiência do dízimo, como sinal de confiança nas graças que somente Ele, pode dar. Diz Deus: “Vocês perguntam: Em que te enganamos? [e Eu vos respondo que me enganam] no dízimo e na contribuição [ da Igreja]. Tragam o dízimo completo para o cofre do Templo, para que haja alimento em meu Templo. Façam essa experiência comigo. Vocês hão de ver, então, que abrirei as portas do céu, e derramarei sobre vocês as minhas bênçãos de fartura” (3,8-10).

Queridos irmãos, devemos oferecer a Deus o que mandar o nosso coração e o que a nossa consciência ditar. Por isso, o Apóstolo Paulo escreveu dizendo: Dê cada um conforme o impulso de seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama a quem dá com alegria (2 Cor 9,7). Por isso, embora a palavra dízimo tenha o significado de décima parte, cada pessoa deve livremente definir, segundo os impulsos do seu coração, sem tristeza e nem constrangimento, qual seja a percentagem dos seus ganhos que destina ao dízimo. No entanto, a experiência tem comprovado que aqueles que, num passo de confiança nas promessas divinas, optaram pelo dízimo integral, isto é, pela oferta de 10% de tudo que ganham, não se arrependeram de tê-lo feito.

É importante lembrar que, o dízimo deve ser oferecido cada vez que se recebe algo: o salário, uma doação ou o resultado de uma venda importante. De modo geral e práctico, a oferta do dízimo deve ser mensal. Assim como recebemos o nosso salário todos os mêses, assim também mensalmente devemos fazer a nossa oferta do dízimo. Por isso, é necessário educar-se para fazer mensalmente a oferta do dízimo. Se o católico, que recebe mensalmente o seu salário, não se educar para o dízimo mensal, ele irá dar, uma ou outra vez, aquilo que sobrar. E isso não é dízimo, mesmo que seja uma grande quantia. Se desse mensalmente apenas 1%, mas com alegria e consciência, seria melhor. Sendo uma contribuição regular e periódica, e proporcional ao ganho de cada dizimista, o dízimo deve ser entregue na comunidade com a mesma regularidade com que acontece o recebimento dos nossos ganhos.

Infelizmente para algumas pessoas parece ser tão difícil oferecer o Dízimo, pois, vivemos numa sociedade em que o dinheiro e o lucro ocupam o lugar de Deus e das pessoas. Ora, Jesus Cristo nos adverte que é impossível servir a dois senhores, adorando ao mesmo tempo a Deus e ao Dinheiro (Lc 16,13). Mas mesmo assim, há cristãos que seguem a proposta do mundo. A sociedade materialista e consumista em que vivemos nos ensina a reter, concentrar, possuir, ter, ganhar, consumir e acumular. O Evangelho, ao contrário, nos ensina que só quem é generoso e não tem medo de repartir o que possui, está aberto para acolher os benefícios de Deus. São dois projectos bem diferentes: a sociedade consumista e egoísta ou o Reino da partilha e da justiça. 

Mas afinal o que é que o dízimo tem a ver com Deus? O povo de Israel foi o primeiro da história humana a acreditar em um só Deus, que governa todo o Universo; foi também, o primeiro povo a acreditar que, se o homem vive, é por vontade desse Deus, que o criou “à sua imagem e semelhança”. Por esse motivo passou a fazer parte da vida desse povo a retribuição, o agradecimento. Todo judeu oferecia a décima parte de seus bens, como retribuição dos bens recebidos de Deus. Como nós, cristãos, temos nossas raízes nesse povo judeu, herdamos dele certas formas de “homenagear“ o nosso Deus. O dízimo é uma das mais antigas formas de agradecimento do ser humano a Deus. Não podemos deixar de reconhecer que, com o passar do tempo, tais formas de retribuição foram deturpadas. Lembremos irmão que o dízimo é uma necessidade de o ser humano manter sua solidariedade com seus irmãos e irmãs, através da Igreja.

O dizimista deve saber que antes de mexer com o bolso, o dízimo toca o coração, por isso, actualmente, a Igreja pretende redescobrir seu verdadeiro sentido para que nós cristãos possamos entender melhor o porquê do dízimo. Ele não é invenção humana e sim um dos mandamentos bíblicos por sinal, o 5º da Santa Igreja, e um excelente meio de vivermos as três grandes virtudes teologais nomeadamente a fé, a esperança e a caridade. Como sabemos, a Igreja é formada por pessoas que devem unir-se em comunidade. Em outras palavras, cada membro da Igreja é e deve sentir-se responsável pelos outros que formam a Igreja. Deus é Pai de todos e quer a plena realização de todos. Ora, ninguém pode chegar a essa realização sozinho.  Por isso o sentido do dízimo é hoje riquíssimo, pois é um dos meios pelos quais cada cristão demonstra sua responsabilidade para manter a Igreja a que pertence. De facto a Bíblia diz: “ao lugar que o Senhor, vosso Deus, escolheu para estabelecer nele o Seu nome, ali levareis todas as coisas que vos ordeno: vossos dízimos, vossas primícias e todas as ofertas escolhidas que tiverdes prometido por voto ao Senhor” (Dt 12,11s). O dízimo pertence a Deus e deve ser entregue na paróquia onde vivemos regularmente nossa fé.

Portanto, por tudo o que se viu até aqui, percebe-se que o dízimo é um acto de liberdade. Embora a Palavra de Deus na Bíblia o apresente como mandamento e obrigação, é importante lembrar que Deus nunca obriga ninguém. De facto, o dízimo é uma obrigação; mas uma obrigação que brota do coração agradecido. Se o dízimo é uma oferta agradecida, a devolução de uma parte recebida, um acto livre de fé, esperança e caridade, então ele é oferecido pelo fiel e recebido pela comunidade. Dízimo não se paga, oferece-se; não se cobra, recebe-se; dízimo não é taxa, nem imposto, nem esmola mas sim, é devolução, é gratidão, é acto de amor a Deus, à Igreja e aos irmãos.